Nos primeiros posts fiz pequenos comentários introdutórios sobre o que quero falar aqui.. Na verdade são ensaios para formar uma massa crítica de ideias que deverão compor as monografias de minha linha de pesquisa acadêmica.
A antropologia hacker nada mais é do que uma revisão da antropologia para a realidade das comunidades da Internet, ditas virtuais, que são tão reais quanto qualquer outra comunidade que exista. A própria ideia de realidade é algo, do ponto de vista filosófico, bastante discutível hoje em dia. Depois do advento da Matrix, não podemos mais conceber a separação daquilo que julgamos real ou virtual segundo nossos conceitos e padrões. Realmente o que é real neste contexto atual é, sem dúvida, a relação entre as pessoas, seja em que mídia for. No caso da web, nada existiria do jeito que é e está sendo construído e articulado, caso não fosse o trabalho das comunidades hackers de livre-desenvolvedores que atuam primeiríssimamente por puro amor à pesquisa, a curiosidade do saber, a competitividade de fazer melhor, do que o outro e também do que si próprio.
Assim nascem os motores que movem o mundo tecnológico e que empurram a economia global hoje e cada vez mais daqui para frente. Experimente romper a ordem natural de liberdade, privacidade e flexibilidade de ação dos anônimos atores dos bastidores da Internet e veremos o mundo "real" literalmente parar. Nada mais pode funcionar, hoje, sem a conectividade da web. Nada mais pode ser construído sem a atuação dos desenvolvedores de sistemas, ferramentas, páginas, etc. Os antigos moldes da economia do século vinte definitivamente não existem mais e os que insistem em ainda usá-los estão fadados ao fracasso, a tremendas dificuldades de gerenciamento administrativo e todos os problemas parecidos aos de um elefante atolado em um lamaçal.
É primariamente importante que a sociedade internacional olhe para esta realidade e valorize o poder das comunidades hackers, que nada mais são do que cientista da computação ou estudantes desta área ou de áreas acadêmicas correlatas. Situações como a que aconteceu na Suécia com os rapazes do The Pirate Bay são totalmente inadmissíveis e comprovam como o mundo precisa mudar de verdade. No entanto, mais do que ficar falando que o mundo precisa mudar, que tem que haver uma nova ordem, etc, precisamos realmente trabalhar sobre a construção de um modelo de gestão auto-sustentável que seja flexível e permita o crescimento das organizações de maneira a envolver todos os atores de forma participativa. Precisamos desenvolver lideranças realmente capazes, que sejam ao mesmo tempo respeitadas no meio "geek" e que exerça sua posição de autoridade de conhecimento por aclamação dos demais, de forma inquestionável, conduzindo as pessoas para um verdadeiro alcance de resultados.
Para tanto precisamos iniciar pela reconstrução de modelos jurídicos que deem o verdadeiro suporte de fundamentação legal, teórica e doutrinária para extinguir absurdos como os que aconteceram na Suécia com o site de torrents ou na França com o fiasco que foi a promulgação da lei de controle ao uso da Internet e depois sua posterior revogação. Aqui no Brasil o juiz que resolveu tirar o YouTube do ar por causa da reclamação da Cicarelli. Poxa vida, esse cidadão não deve, pelo jeito, nem saber usar e-mail. E por ai vai, são inúmeros casos que poderia ficar aqui longamente me extendendo em histórias que todos já devem conhecer bem. Cito alguns exemplos apenas para fundamentar minha base de argumentação do quanto a mudança precisa começar na prática no meio Jurídico, sem o qual não será possível formar base sólida de argumentos para neutralizar a infâmia que ameaça o futuro da Internet e consequentemente da evolução conhecimento da humanidade.
Continua mais adiante..
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